Turismo e educação podem caminhar lado a lado
Existem viagens que são verdadeiras aulas, pois além de enriquecer o conhecimento cultural ensinam sobre história, arte, arquitetura, música e gastronomia. O turismo e a educação podem caminhar lado a lado.
No Brasil há muitas cidades históricas em que através dos patrimônios materiais é possível visitar o passado a olho nu, pois são preservadas, permanecem intactas desde a fundação. Esses lugares “contam” a história de um país colonizado que lutou durante séculos para retomar sua soberania.
Além de fatos políticos, esses municípios brasileiros comprovam que o autoritarismo, que nos dias atuais muitos insistem em negar, não apenas ocorreu, como perseguiu, torturou e matou muitas pessoas.
“Turistar” pode ir além de conhecer um lugar específico, passear ou descansar, embora nada impeça o viajante de ter somente esses objetivos. Os curiosos podem aproveitar ao máximo uma oportunidade de viagem, afinal o conhecimento é algo que ninguém é capaz de tirar de ninguém e nunca é demais.
Turismo educacional
Não há nada comparável a obter informações sobre as origens do seu próprio país. O Brasil é um país diverso, que abarca muitas culturas, por esse motivo há tantos lugares para se conhecer e se apaixonar.
Além das riquezas naturais, apreciadas por biólogos ao redor do mundo, o Brasil possui uma história de bravura, luta política e social, além de plural em termos de arte. Compreendem-se muitos comportamentos de seu povo compreendendo antes o seu histórico, desta maneira é possível introduzir um conceito mais profundo a fim de respondermos algumas perguntas pertinentes inerentes aos cidadãos brasileiros, “De onde viemos? Como chegamos aqui? Para onde vamos?”
A vista disso é de suma importância que os nativos brasileiros, antes que se alimentar da cultura estrangeira, formem um conceito sobre a sua própria cultura. Após obter essa clareza então é possível selecionar de maneira sóbria, o que lhe cabe ou não passar adiante, para as gerações vindouras.
É importante se conscientizar que uma vez que a cultura de um povo não é vivenciada por novas gerações, a mesma está condicionada a ser extinta. Edson Conceição e Aloísio Silva já haviam escrito e Alcione dado voz em 1975 a canção que nos ensina muito sobre isso: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, se samba pra gente sambar”.
Filosofia à parte e retomando o foco principal deste artigo, vamos conhecer virtualmente um pouco da história do Brasil através de uma importante cidade.
Ouro Preto
Ouro Preto é uma cidade com um relevo montanhoso. Um de seus montes abriga o Pico do Itacolomi, com 1.7772 metros de altitude, o local faz parte da Serra do Espinhaço e conta como principal vegetação o cerrado.
Não são apenas as belezas naturais que se destacam na antiga cidade patrimônio mundial e cultural da humanidade, embora um dos destaques fique por conta das belas e límpidas cachoeiras de Ouro Preto. Contudo a sua relevância cultural.
Turistas que optam pela antiga Vila Rica, seu primeiro nome, para visitação, podem ter contato com minas que foram exploradas durante o período denominado “ciclo do ouro”, que começou no final do século XVII com a ida do bandeirante Fernão Dias Paes Leme para o estado de Minas Gerais com a finalidade de buscar por minérios preciosos.
A cidade que leva o nome de um dos minérios mais valioso do mundo, Ouro Preto, foi muito importante durante esse processo, principalmente por ser rica em ouro. O município abriga a Mina de Chico Rei, que fica no bairro Antônio Dias, centro histórico, assim como a Mina Du Veloso, Mina Felipe Santos, entre outras espalhadas.
Durante a extração de ouro em Ouro Preto, as riquezas foram levadas para a Europa, entretanto pode-se conferir a beleza o metal dourado dentro das igrejas católicas que foram elevadas no Século XVIII, inclusive algumas delas receberam a arte barroca proveniente da Itália e adaptadas pelos artistas brasileiros Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) e Manoel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde).
O elemento de número 79 da tabela periódica, além de pedras preciosas como o Topázio Imperial, foram disputadíssimos em Ouro Preto e em sua “vizinha” Mariana neste período, enquanto que em Diamantina, o diamante “ditava” as regras.
Ouro Preto também “assistiu” a escravidão e preservam os porões que eram tidos como senzalas onde as pessoas negras que foram escravizadas durante o Brasil Colônia até os dias atuais. As imagens são realmente chocantes, afinal como seres humanos poderiam viver em uma situação tão precária?
No coração da cidade se encontra o Museu da Inconfidência e estátua de Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), que foi um mártir da conjuração mineira, um movimento separatista que visava a independência do Brasil quanto a Coroa Portuguesa, por esta razão o local se chama Praça Tiradentes.
Através da observação, ainda que rasa, de Ouro Preto, se percebe que a principal questão levantada aqui é bem fundamentada. É possível realizar um passeio turístico e obter mais educação simultaneamente.
Sugestões de fotos.
Créditos: Arquivo/Mais Minas
Foto: Igreja São Francisco de Paula (Ouro Preto)/Mais Minas.
Foto: Museu da Inconfidência (Ouro Preto)/Mais Minas